CRÍTICA-O Farol: Uma viagem psicótica a um conto Craftiano
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- 26 de dez. de 2019
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Atualizado: 12 de jan. de 2020

NOTA:10,0
Um filme preto e branco em tela 1.19:1, com texturas antigas sobre dois homens sozinhos em um farol. Estranho, né? Mas e se eu te disser que essa é uma das experiências cinematográficas mais intensas desse ano? Esse é o Farol, segundo filme do diretor Robert Egers (do aclamado longa "A Bruxa"), que veio mostrar que não é apenas um diretor qualquer, mas sim uma voz criativa a ser ouvida.
O começo do filme evoca o cinema do expressionismo alemão e soviético. Vemos os personagens chegarem, o calado Ephraim Winslow ( Robert Pattinson), que chegou ao farol para ganhar dinheiro como ajudante, e Thomas Wake ( William Dafoe), o faroleiro chefe, que corresponderia ao nosso imaginário atual de capitães bêbados, se não fosse por um detalhe: ele é extramente agressivo e cuidadoso com o seu farol, o qual não deixa ninguém tocar, e onde se tranca a noite na sala de controle completamente nu, emitindo gemidos de prazer.

O poder do filme está justamente em seu roteiro e direção. A decisão de manter a história entre dois personagens pode soar cansativa no começo, mas vale totalmente a pena. A não linearidade da história juntamente com a estética faz com que mergulhemos na loucura junto com eles, as cores preto e branco, com o contraste da câmera fazem com a que a imersão se torne mais intensa.
A cada descoberta, briga ou ação, ficamos apreensivos e até duvidando de nós mesmos, pois de certa forma estamos todos juntos no farol e somos as únicas testemunhas da sanidade e insanidade desses personagens.
As atuações estão sensacionais e é como se estivéssemos vendo uma batalha de atores, no qual Dafoe e Pattinson tentam se sobressair um ao outro (quase teatralmente, uma decisão acertada de propósito), mas não conseguem, pois ambos estão no mesmo nível de entrega
É como se nós estivéssemos vendo uma versão live action de um conto de H.P Lovecraft, escritor americano conhecido por brincar com o conceito de monstros e a mente humana. E essa é a genialidade do filme, nos fazer questionar sobre o que é real ou não. É como Thomas Wake fala no filme " Há quanto tempo estamos nessa rocha? cincos semanas? dois dias? me ajude a lembrar", e assim como Ephraim, nós não sabemos responder.
Autor: Marcos Paulo
Revisão : Tatiane Raquel
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