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Normal People- Uma jornada de autoconhecimento e companheirismo

  • Autor
  • 27 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura

NOTA:9,0


Uma coisa em que acredito é que, independentemente do tipo de relacionamento, você sempre vai aprender algo com ele, positivo ou negativo. Essas experiências nos moldam e nos fazem reparar os defeitos e qualidades que não víamos antes, além de também ajudar no processo de amadurecimento e no amor próprio, e é justamente sobre isso que Normal People se trata.


Baseado no livro de Sally Rooney, a minissérie acompanha Conell, um tímido rapaz popular da escola, e Marianne, uma jovem solitária e bastante inteligente. Mesmo sendo de classes sociais diferentes, logo eles se conhecem – pois a mãe dele trabalha na casa dela – e então, começam a se relacionar.


Eu sei que lendo essa sinopse a série parece uma fanfic de garota rica x garoto pobre, mas a série não foca nisso. O centro da narrativa é a construção da relação dos dois. Conell apesar de popular, não se sente confortável com ninguém além de Marianne e ela se sente do mesmo jeito. Justamente nessa dinâmica que a obra ganha sua força.


Acompanhamos o casal da juventude até a vida adulta, enfrentando uma série de dificuldades, em um relacionamento de idas e vindas. Vemos as alegrias e tristezas de cada um: Conell tentando descobrir sua voz e sua função no mundo, enquanto Marianne só quer ser aceita e amada, sentimentos que nunca experimentou na vida, pois sua família os negava.


Em diversos momentos você vai se sentir frustrado por eles, querendo só quer eles se acertem e fiquem juntos, porém você sabe que eles precisam passar por isso e que na vida real os problemas não se resolvem tão fácil.


O ponto forte da série está no roteiro. Os roteiristas Mark O ‘ Rowe e Alice Birth conseguem captar a essência do livro e a beleza de simples conversas humanas. Não espere grandes monólogos ou brigas, mas sim pequenas conversas com frases que te farão chorar ou ter empatia com os personagens, pois você sabe exatamente como eles se sentem.


Já na direção, Lenny Abrahamson (Quarto de Jack) faz um belíssimo trabalho em mostrar o ambiente e a relação de Conell e Marianne, com closes focados nos rostos ou na maneira como a câmera parece observá-los reagindo ao mundo. Esse modo de contar a história é perfeito para uma narrativa como essa. É como se o diretor não tivesse pressa em mostrar os momentos solitários dos personagens.


Nas atuações, o que eu posso falar de Daisy Edgar-Jones e Paul Mescal? Eles são a alma e o coração da série. Já começaram a me surpreender, pois são atores britânicos interpretando irlandeses, com perfeição. Daisy é incrível com sua Marianne, ela consegue passar a solidão e tristeza da personagem sempre em busca de uma relação que a faça se sentir feliz; já Paul, traz um Conell simpático, porém indeciso e duvidoso de si mesmo, que vive em busca de aceitação. Os dois entendem seus personagens e trazem uma honestidade nas suas interpretações, fazendo com que sejam palpáveis, além de terem uma química incrível na tela, que não tem como você torcer contra.


No início, a série pode parecer um pouco lenta, mas acredite, ela só está te aquecendo para a porrada que são os últimos quatro episódios, com um final que vai te quebrar. Normal People é uma jornada de autoconhecimento, que consegue captar brilhantemente a experiência de se apaixonar e estar em um relacionamento.


Texto: Marcos Paulo Albuquerque

Revisão: Tatiane Raquel

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