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Minari- Um novo olhar sensível sobre uma velha história

  • Autor
  • 3 de mar. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 13 de abr. de 2024


Sempre me irrito quando alguém diz 'Por que contar essa história de novo?' ou 'Hollywood está sem ideias' sobre remakes ou filmes que revisitam temas já explorados. Cada pessoa tem sua própria maneira de contar uma história, e é isso que torna o audiovisual uma arte. 'Minari' é a prova disso.


Já vimos essa história antes: uma família arriscando tudo em um novo país em busca de um sonho. Mas a diferença desta vez é que a história é contada do ponto de vista de uma família coreana. E acredite em mim, isso faz toda a diferença.


"Minari" se passa nos anos 80 e acompanha a história de David, um menino coreano de sete anos, e sua família que se muda para o interior do Arkansas em busca do "Sonho Americano". Vivendo em um trailer, o lar da família passa por mudanças significativas com a chegada da astuta e desbocada, mas amorosa, avó.


O que torna "Minari" uma experiência única em comparação com as típicas narrativas do "Sonho Americano" são as barreiras culturais presentes. Cada tentativa da família de se integrar à sociedade local destaca essas diferenças. A xenofobia não se manifesta por meio de olhares rudes ou insultos diretos, mas sim em momentos sutis, habilmente retratados pelo diretor.



É justamente dessa mudança e barreira que surgem os conflitos. Enquanto o pai de David está focado em fazer a fazenda ser um sucesso, ele não enxerga o custo pessoal que isso acarreta. A mãe, por sua vez, não consegue aceitar a nova realidade e encontra paz apenas perto de pessoas semelhantes a ela. Até David é afetado, esperando uma avó típica americana, mas recebendo uma idosa desbocada que o ama incondicionalmente.


Esses conflitos são habilmente entrelaçados graças ao brilhante roteiro e direção de Lee Isaac Chung. O filme é "meio biográfico", revelando a habilidade do diretor em dar vida aos conflitos, mas também aos momentos de ternura. É neste equilíbrio que o filme encontra sua força.


"Minari" se fortalece nos pequenos momentos de conflito e diferença, como na cena em que a família discute sobre o gosto por chá e refrigerante, ou na reação das crianças ao receberem presentes da avó. É possível vislumbrar a diferença cultural entre aqueles que nasceram na Coreia e imigraram para os Estados Unidos.


O elenco é incrível. Alan S. Kim esbanja fofura e carisma, enquanto Noe Cho, apesar do tempo limitado em cena, realiza um excelente trabalho como a filha mais velha, Anne. No entanto, as verdadeiras estrelas do filme são Steve Yeun, Han Ye Ri e Yoon Yeo Jeong.

Yeun transmite com maestria a essência de Jacob, o pai obcecado em fazer seu plano dar certo, mas que ama profundamente sua família. Sua postura e expressões revelam o desespero de tentar realizar seus objetivos. Ye Ri realiza um trabalho belíssimo como a matriarca da família. É visível que ela não deseja estar naquele lugar e tenta constantemente dissuadir o marido de seus planos, ao mesmo tempo em que cuida dos filhos.


Por último, não posso deixar de mencionar Jeong, que brilha como a avó de David. Apesar de ser desbocada, seus embates com o menino sobre "o que é uma avó de verdade" são hilários. No entanto, nos momentos em que conversa com ele e oferece seus conselhos, sua abordagem é simples e tocante. É impossível não desejar essa senhora como avó.



Ao falar dessas barreiras culturais e construção de "raízes" em um local, Lee Isaac nós da uma história que não só é uma homenagem ao seu passado, mas um novo olhar sobre um tema que achávamos que havia se estagnado.

 
 
 

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